Recebi um convite inesperado, mas profundamente transformador: a Cristina Mesquita de Oliveira — sim, a mulher que levou o tema da menopausa ao Parlamento Português em novembro de 2024 — convidou-me para partilhar o meu testemunho para a TVI sobre a minha experiência com a menopausa.
Foi um privilégio. Uma honra. Mas, acima de tudo, foi um ato de coragem e compromisso. Porque sei que a minha história é também a história de milhares de mulheres que se sentem invisíveis, incompreendidas e, muitas vezes, envergonhadas.
Sim, houve calores. Houve insónias. Houve dias em que sentia que o meu corpo já não era meu, e noites em que o medo tomava conta do meu peito.
Mas também houve outra coisa: a decisão de não me calar.
Falar sobre a menopausa não é uma escolha. É uma necessidade. É saúde pública. É qualidade de vida. É empoderamento feminino na sua forma mais crua e real.
Partilhei a minha história porque acredito que cada mulher merece saber que não está louca. Que não está a exagerar. Que não está sozinha.
A menopausa continua a ser tabu. Continua a ser vivida no silêncio das casas de banho, no sufoco dos transportes públicos, nas lágrimas escondidas entre reuniões e tarefas familiares. E isso tem de mudar.
Ao dar a cara por este tema, sinto que cumpro parte da missão do 50+ Épicos: normalizar a conversa, dar palco à vulnerabilidade, e lembrar que envelhecer com alma e verdade é um ato de força, não de fraqueza.